Saúde das pernas: Renato Gontijo, cirurgião vascular, fala sobre a relação da trombose com a covid

Uma das consequências da pandemia do coronavírus é o aumento do tempo que passamos em casa. Segundo alguns especialistas, devido a isso, as pessoas diminuíram a atividade física e estão ficando mais tempo sentadas. Só isso já é algo preocupante e que precisa da nossa atenção. Mas ainda há um agravante, há uma grande relação entre a covid-19 e a trombose.

O médico cirurgião vascular, Renato Gontijo, explica que a ansiedade e o estresse causado pela pandemia podem fazer com que as pessoas durmam mal, assistam mais televisão, bebam mais álcool e comam comidas gordurosas. Tais hábitos podem levar a problemas sérios do ponto de vista venoso. 

O principal problema causado pela imobilidade são as varizes, veias tortuosas e dilatadas que as pessoas têm nas pernas. “Outro problema é o inchaço, que pode ser causado pela imobilidade, sedentarismo ou trombose. Quando o inchaço acomete as duas pernas, normalmente não é trombose. Mas quando ele atinge apenas uma perna, é necessário ficar alerta. A imobilidade das pernas pode causar manchas escuras e eczemas, que são as peles descascando, além da temida trombose, que é um entupimento do vaso por coágulo. Isso gera uma inflamação no local e para toda a circulação da área. Isso é extremamente grave que pode levar a uma embolia pulmonar e até mesmo ao óbito”, explica Renato.

Para manter a saúde das pernas em casa, o médico explica que é necessário hidratar a pele, fazer movimentos de flexão de panturrilha ou até mesmo subir uma escada. “Vale lembrar que precisamos fazer atividades físicas pelo menos três vezes por semana. Além disso, é necessário se alimentar de forma correta e equilibrada e consumir pouco álcool e frituras. Não se deve esquecer de beber dois litros de água por dia”, ressalta. 

Trombose e covid

Renato Gontijo afirma que há sim uma grande relação entre covid e a trombose. Ele explica que a covid começa na via respiratória mas pode se tornar um problema vascular gravíssimo em algumas pessoas. Segundo o médico, há 165 mil pacientes que desenvolvem trombose a cada um milhão de casos de covid. “A taxa é de 16,5%. É um número altíssimo. Para se ter uma ideia, o anticoncepcional que possui uma taxa alta de trombose, é de 0,12%. Então, é um número definitivamente expressivo.”

O médico explica que a trombose pode estar presente tanto na artéria, quanto na veia. “Nos casos de covid, no quinto dia há uma resposta inflamatória muito importante. Em alguns casos, essa resposta pode ficar tão exagerada, que por volta do décimo dia, as células de defesa começam a ficar extremamente exaltadas e começam a produzir uma substância chamada citocina indiscriminadamente. Essa substância junto com o vírus invade a camada principal dos vasos, o que causa um alerta vermelho no organismo. Dessa forma, o organismo entende que essas substâncias precisam ser coaguladas. Por isso, começa a se formar coágulos no organismo inteiro. Esses coágulos caminham por meio das veias e artérias e geralmente param nas artérias mais finas, isso obstrui aquela região. Os principais locais acometidos são os brônquios, artérias e as veias”, relata.