Segundo informações do site Estado de Minas, o novo coronavírus, causa da morte de mais de 400 mil brasileiros nos últimos 12 meses, não perdoa os sobreviventes. Depois de derrotar o micróbio, muitos deles precisam enfrentar uma segunda batalha – desta vez, contra sequelas, debilidades, doenças respiratórias e até transtornos psiquiátricos.
A “herança maldita” registrada na literatura médica já inclui dezenas de problemas de saúde – de perda de cabelo à falência renal crônica – cuja incidência impressiona. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que uma em cada 10 pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 apresenta a chamada síndrome pós-COVID, ou seja: doenças e condições correlatas à virose.
Ainda de acordo com a agência global, 30% dos contaminados desenvolvem a COVID longa, caracterizada pela presença de sintomas persistentes da patologia, no período de três a seis semanas após o diagnóstico.
Entre os hospitalizados, a situação é ainda mais sombria. Um estudo publicado em janeiro no periódico “The Lancet” indica que 76% dos internados relatam debilidades diversas seis meses após a alta hospitalar.
A situação já se anuncia como uma “crise dentro da crise sanitária” e preocupa autoridades de todas as esferas de governo, conforme expõe o último relatório divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios, divulgado em 23 de abril. De acordo com o documento, secretarias de saúde de cerca de 70% das cidades do país afirmaram que implementaram ou pretendem implementar serviços de reabilitação pós-COVID nos próximos meses.
Centenas de mineiros que venceram a COVID-19, mas ainda enfrentam efeitos adversos do vírus, têm seu longo percurso de tratamento guiado pelo pneumologista e intensivista Leonardo Meira de Faria.
Ele conta que atua na linha de frente da pandemia desde abril do ano passado no Hospital Felício Rocho, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Segundo o médico, entre os problemas mais comuns apresentados pelos pacientes – sobretudo aqueles que desenvolvem quadros graves – estão miocardites, tromboses e insuficiências respiratórias.
Leonardo Meira calcula um tempo médio de recuperação desse público em três meses, variável de acordo com o perfil de cada pessoa. Cauteloso, ele diz que evita mencionar o termo “sequela”. “Sequela indica algo definitivo. Muitos quadros são, certamente, de difícil reversão, como certos episódios de fibrose cardíaca, por exemplo.
Mas estamos falando de uma doença nova, que tem só um ano. Não sabemos ainda como ela se comporta no longo prazo, por isso é precipitado falar em sequela. Mas é fato que muitos pacientes vão conviver com limitações por um período de tempo prolongado”, ressalta o especialista.
Fonte: Estado de Minas