Num dia de 1812, na comuna de Coupvray, perto de Paris, na França, Louis Braille estava brincando na oficina do pai, que fabricava arreios para cavalos.
Aos 3 anos, pegou uma das mais pontiagudas para “brincar de papai”. E, nesta ocasião, aconteceu um acidente que mudaria para sempre sua vida e, alguns anos mais tarde, a de muitas outras pessoas.
A sovela escorregou das mãos dele e perfurou seu olho. O olho ficou infeccionado, e a infecção não apenas evoluiu, como também passou para o outro olho. Aos 5 anos, Louis Braille estava completamente cego.
Anos depois, ele ganhou uma bolsa para estudar no Instituto Nacional para Jovens Cegos (RIJC, na sigla em francês), em Paris.
Naquela época, o sistema de leitura usado até mesmo no instituto era muito básico: os alunos tinham que passar os dedos sobre cada letra lentamente, do começo ao fim, para formar palavras e, depois de muito esforço, frases.
Louis Braille decidiu aperfeiçoar esse código. Aos 15 anos, havia completado seu novo sistema. O que ele fez foi reduzir os pontos de relevo. A ideia era que ficassem do tamanho certo para senti-los com a ponta do dedo com um único toque.
Para criar os pontos em relevo na folha de papel, ele usou uma sovela, a mesma ferramenta pontiaguda que havia causado sua cegueira. Como Braille adorava música, também inventou um sistema para escrever notas.
O tempo passou. O mundo da medicina era muito conservador e demorou a adotar a inovação de Braille. Tanto que ele morreu 2 anos antes de finalmente começarem a ensinar seu sistema no instituto em que havia estudado.
Com o passar do tempo, o sistema começou a ser usado em todo o mundo francófono. Em 1882, já estava em uso na Europa. Em 1916, chegou à América do Norte e depois ao resto do mundo.
Em 1952, em homenagem ao seu legado, os restos mortais de Louis Braille foram desenterrados e transferidos para o Panteão de Paris, onde estão localizados os túmulos de alguns dos mais célebres líderes intelectuais da França.
No entanto, Coupvray, sua terra natal, insistiu em ficar com as mãos dele, que estão sepultadas em uma urna simples no cemitério da igreja.
Fonte: BBC News Brasil