As lendas são tradições orais passadas de geração para geração, geralmente de origem desconhecida, e vão ganhando acréscimo à medida que vão sendo repetidas enquanto são contadas. Diferentes das lendas urbanas, as lendas de caráter folclórico e histórico, podem verbalizar ansiedades e medos coletivos e valem-se de fantasias e soluções mágicas ao comentá-las.
Edson Brandão, historiador formado em Ciências Sociais, conta um pouco sobre as lendas históricas de Barbacena. “A história envolvendo a serpente na igreja da Boa Morte é muito antiga, assim como a própria igreja. Para se ter uma ideia a irmandade da igreja da Boa Morte foi constituída por volta de 1750, ainda no Brasil colônia. E a escolha do local onde a igreja da Boa Morte está, em si, já é o início dessas lendas”, comenta Edson.
O historiador explica: “Conta a tradição, que o local, chamado Boa Vista na época, era disputado por dois fazendeiros que acreditavam que naquela região havia uma mina de prata. E eles começaram a disputar para ver quem era o dono daquelas terras. Para encerrar a disputa, pois ninguém chegava a uma conclusão real, decidiu-se que ali poderia ser construída a igreja da Boa Morte, e foi o que aconteceu”.
Edson ainda conta que a história não acabou dessa forma. Ele comenta que durante muito tempo, pessoas tentavam cavar no entorno da igreja para chegar a essa tal mina de prata, que ninguém garante que existe.
“Depois de construída, a igreja da Boa Morte, com suas torres, teve problemas com sinos. Um dos sinos foi colocado na torre e depois ele rachou, fazendo com que uma das torres ficasse sempre silenciosa. Pelo menos em duas ocasiões caíram raios, destruindo parte das torres. Fazendo com que essas histórias misteriosas ganharam ainda mais força”, conta Brandão.
Ele termina falando que as pessoas começaram a acreditar que a torre esquerda da igreja era amaldiçoada por uma grande serpente, que saia durante a noite em períodos místicos, como a quaresma, e passava por toda cidade até o bairro Grogotó, fazendo com que as pessoas sentissem medo de ir até a torre. “Essa história é contada até hoje, o que gera certo suspense”.
