Boate Kiss: sócios e músicos são condenados por mortes no incêndio

O Tribunal do Júri condenou os quatro réus acusados pelo incêndio na boate Kiss, que matou 242 pessoas e deixou outras 636 feridas.

Foram sentenciados por dolo eventual, ou seja, quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar, os dois sócios da boate —Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann— e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira —o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos.

As penas foram lidas pelo juiz Orlando Faccini Neto, mas não na íntegra, sendo o resultado anexado na totalidade no processo. Ele considerou “elevada a culpabilidade dos réus”.

As penas foram definidas assim:

  • Elissandro Spohr – 22 anos e seis meses de prisão
  • Mauro Hoffmann – 19 anos e seis meses de prisão
  • Luciano Bonilha – 18 anos de prisão
  • Marcelo de Jesus – 18 anos de prisão

Ainda cabe recurso, mas o regime inicial é fechado. O juiz havia pedido a prisão imediata, com dispensa de algemas, para que eles “fossem conduzidos com toda a dignidade” para a cadeia, mas em seguida recebeu um habeas corpus preventivo, feito pela defesa de Spohr, e suspendeu a execução da sentença para todos os condenados, por entender que deveria ser estendido o benefício a todos igualmente.

Agora, a Câmara Criminal deve apreciar o mérito do habeas corpus. A decisão é tomada entre três desembargadores. Ainda não há data para isso acontecer, mas até lá os condenados não serão presos.

Após a leitura, familiares e sobreviventes abraçaram e choraram com os promotores de Justiça, aplaudindo a sentença.

“Achei que eu não ia conseguir chegar aqui hoje. Eu prometi que não ia chorar, mas agora eu vou berrar, porque eu me segurei nesses dez dias”, disse a dona de casa Maria Aparecida Neves, tia de dois mortos na tragédia. “Deus é justo, Deus é pai e não é padrasto. A justiça aconteceu.”

O julgamento estava em andamento havia dez dias em Porto Alegre, a 289 km de distância de Santa Maria, onde ocorreu a tragédia. O corpo de jurados foi formado por seis homens e uma mulher. Inicialmente, o julgamento tinha previsão de durar cerca de 15 dias, mas a dispensa de testemunhas acabou encurtando a fase de depoimentos.

Fonte: UOL