Brasileiros de 45 a 55 anos estão consumindo mais alimentos ultraprocessados durante a pandemia. O consumo desses produtos nessa faixa etária era de 9% em outubro de 2019, enquanto em junho de 2020 saltou para 16%. O levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), abordou pessoas entre 18 e 55 anos e revela que salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados foram os produtos campeões de consumo em comparação com o levantamento realizado em 2019, subindo de 30% para 35% a proporção de pessoas que os consomem.
Segundo a nutricionista Lívia Botelho, a pandemia do coronavírus trouxe abalos emocionais à população, o que é normal, já que há maior vulnerabilidade e preocupação. “Houve um aumento no consumo de doces, por exemplo. Além disso, a taxa de obesidade na população também cresceu”, afirma.
A nutricionista explicou que os alimentos ultraprocessados têm alta quantidade de açúcar, sódio e calorias e por isso podem contribuir para o aumento de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade. “Esses alimentos contém corantes, conservantes e substâncias químicas que não são bons nutrientes para o organismo. Nosso corpo é preparado para receber alimentos in natura que não são processados por indústrias.”
Para os que desejam mudar os hábitos alimentares, Lívia explica que é preciso ser cauteloso e não colocar metas impossíveis de serem alcançadas. “Vale a pena traçar pequenas metas, por exemplo, se está comendo muito doce, tente diminuir as doses ou comer apenas nos finais de semana. Para os que estão usando açúcar para adoçar bebidas, tente consumir o alimento puro. Para quem consome muitas frituras, é interessante começar a utilizar o forno e fazer alimentos assados.”
Na opinião da nutricionista, o ano de 2020 trouxe situações atípicas e o brasileiro precisou se adaptar. Por isso, ela explica ser importante que as pessoas não se cobrem tanto. “As pessoas têm a tendência de aumentar o consumo de alimentos em momentos de ansiedade e estresse. Mas é importante destacar que o ano passado foi um ano incomum e com diversas surpresas. Então, se houve piora na alimentação, tudo bem. O importante é estabelecer metas e se reorganizar. Substitua o hábito de ingerir alimentos ultraprocessados quando estiver passando por uma situação difícil por atividades que geram prazer. Tem pessoas que gostam de ler, outras de tocar violão ou ouvir música. Cuide da sua saúde mental”, concluiu.