O fascismo foi criação do ditador italiano Benito Mussolini. Em síntese, esse regime político de direita é autoritário porque crê representar a vontade de todos não havendo espaços para discordâncias.
O fascismo de Mussolini era nacionalista, militarista, conservador e cristão. Desprezava os direitos humanos, a cultura, as universidades, a ciência e os intelectuais, considerados inimigos da pátria porque ameaçam a estabilidade do único e verdadeiro pensamento do regime, que segundo a doutrina é a própria essência da Nação.
Os regimes autoritários da direita inspirados no fascismo se espalharam mundo afora. E além das restrições às liberdades, outros dois traços são comuns em todos eles.
O culto à personalidade do líder ou do regime é um traço característico. Na Itália, Mussolini era o Duce (Lider Supremo), na Alemanha, Hitler era o Führer (Guia), na Espanha, Franco era o Generalíssimo (o grande General), em Portugal, Antônio Salazar era ‘O Mago’, no Chile, Pinochet era o ‘General de los pobres’, na Argentina, a Junta Militar pregava ‘A Revolução Argentina’ e no Brasil, o golpe militar de 1964 criou o ‘Milagre Econômico’, o ‘Ame-o ou deixe-o’.
Outro traço comum é a apropriação dos símbolos nacionais, como uma espécie fusão da ideologia fascista com o próprio significado de Nação.
Ao se apropriar dos símbolos o fascismo indica que a coletividade nada mais é que a vontade do regime traduzida em regras, costumes e moral do grupo dominante.
O fascismo pode ascender ao poder por meio de golpes militares ostensivos, ou através de manobras aparentemente legais que ao final sufocam a democracia, calam os opositores e restringem as liberdades até a instauração definitiva do regime autoritário e arbitrário.
Em geral, o fascismo se alimenta de inimigos imaginários ou não, que são superdimensionados, para justificar o ódio e a violência contra os que pensam diferente, através de intensa propaganda ideológica.
E devido às técnicas de comunicação, hoje ampliadas pelas redes sociais e Fakes News, as massas acabam aceitando as mensagens de salvação contra ‘o perigo iminente’. O imaginário coletivo submete-se ao maniqueísmo da propaganda ideológica, capitulando-se aos seus desígnios…
O presidente Jair Bolsonaro nunca escondeu sua simpatia pela ditadura militar brasileira e os regimes fascistas de ontem e de hoje. E a sua estratégia de conquista do poder segue o receituário fascista: primeiro subjuga grande parcela das forças militares e policiais com milhares de cargos e vantagens no governo, anula o Congresso Nacional com verbas escandalosas do ‘orçamento secreto’, tenta inibir o poder judiciário com ameaças veladas, combate a imprensa livre, ameaça jornalistas, busca desmoralizar artistas e intelectuais, desqualifica os ambientes acadêmicos e universitários, levanta dúvidas contra a ciência; enfim, todos os setores sociais de pensamentos livres e questionadores são atacados ou colocados na berlinda.
No primeiro mandato, o bolsonarismo lançou as bases do regime fascista que almeja desorganizando os poderes e as relações deles entre si, com o desmonte sistemático de órgãos de controle e fiscalização. O MP foi anulado, a PF politizada. Apropriou-se da bandeira nacional e do 7 de setembro da nossa independência, tudo como se o bolsonarismo representasse a identidade nacional. E já tem seu jargão pessoal – ‘Mito’.
Adotando o lema integralista do ditador português Salazar – Deus, Pátria e Família, Bolsonaro mistura religião, nacionalismo e conservadorismo para alimentar o imaginário das pessoas em torno da sua mensagem, ‘a única verdadeira’ de luta contra o ‘comunismo’.
No segundo mandato, a meta será aniquilar o poder judiciário com o impeachment de ministros do STF considerados indesejáveis e a nomeação de novos magistrados obedientes aos ditames bolsonaristas com a ampliação do número de cadeiras no órgão.
Dominado o judiciário, a escalada bolsonarista final estaria no sufocamento do Congresso Nacional, insurgindo-se o presidente contra leis e determinações parlamentares, e insuflando a população contra os políticos. Tarefa facílima, aliás, que contaria ainda com a colaboração de centenas de parlamentares recém-eleitos, fiéis às bases doutrinárias bolsonaristas e descrentes da democracia.
Sem judiciário independente, o parlamento não teria aonde recorrer e se transformaria num simples apêndice palaciano, uma espécie de ‘Camara dos Lordes’ inglesa, para simples homologação opinativa.
Estaria assim instaurado o fascismo tupiniquim. À moda brasileira o bolsonarismo deixaria de ser um partido ou movimento, para se transformar num regime de estado, o próprio estado. E tudo aconteceria de forma aparentemente legal, sem golpes bruscos que caracterizem a tomada violenta do poder.
Com o apoio do trumpismo americano e da extrema direita europeia, e com a simpatia dos regime autoritários da Rússia e China, o novo estado fascista ‘esnobaria’ reconhecimento internacional.
As vozes dissonantes ou discordantes seriam silenciadas ferozmente; como o bolsonarismo é a tradução da pátria na sua essência, criticá-lo seria um crime contra o país, o estado e a Nação. A diversidade, as diferenças, a pluralidade artística e cultural, o processo educacional livre e as manifestações públicas dariam lugar aos conteúdos e valores ditados pelo estado, transformado em agente regulador do pensamento único garantidor dos ideais da pátria.
O meio ambiente, as causas coletivas, os direitos difusos, os indígenas, os excluídos e as minorias de todos os matizes estariam submetidas à lógica do mercado e do regime, e pagariam o preço necessário para garantir a ‘Ordem e o Progresso’ do país, pois ‘quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil’.
A coletividade, as manifestações e existências públicas e também sociais aconteceriam neste ‘grande espaço nacional’ cujas pautas e soluções seriam ditadas conforme as orientações nacional-bolsonaristas de vieses conservadores, religiosos e econômico-liberal. O roteiro está bem claro, exposto sem meias palavras nem gestos dissimulados!
Embriagados pela narrativa ideológica como na história de outros povos , as massas e as elites despolitizadas assistirão a tudo pacificamente como se os fatos acontecessem num desdobramento natural de um processo de purificação pátria rumo ao ‘Brasil Grande’.
Como nos países vítimas do fascismo no passado, o Brasil no futuro olhará para trás de maneira envergonhada tentando explicações pelos equívocos cometidos!
Posto este quadro, as eleições deste ano decidirão muito mais que propostas de governo, políticas públicas e ações administrativas. O que está em jogo não é o mandato presidencial nem a governança. Decidiremos um projeto de Nação.
Escolheremos se o nosso pilar principal será a democracia num ambiente harmônico e de liberdade de expressão que abarque as diversas visões de mundo, ou se adotaremos um regime autoritário e intolerante, excludente e rancoroso, impositivo e arbitrário, de pensamento único.
A liberdade de pensar, de agir, de expressão e de ir e vir são inegociáveis. Uma Nação deve existir no formato estatal para garantir estes princípios, inerentes à existência humana na sua plenitude. E hoje, no cenário atual, a resistência democrática pela liberdade tem nome e endereço: LulaPresidente13.
Independente de quaisquer considerações ou julgamentos, é indiscutível que o ex-presidente Lula é um democrata autêntico e sua própria história de vida e pública são exemplos desta certeza. Pela democracia! Pelas liberdades!
Resistir ao bolsonarismo é imposição histórica e democrática.