Minas Gerais é o segundo Estado com mais acidentes aéreos no país

Palco de acidentes aéreos recentes, Minas Gerais é o segundo Estado do Brasil com o maior número de ocorrências relacionadas a incidentes com aeronaves. Segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), nos últimos dez anos, foram 533 casos apurados no Estado – uma média de 53 por ano, ou quatro por mês.
Minas, conforme as investigações conduzidas desde 2011, só perde para São Paulo – que acumulou 1.372 casos de ocorrências desse tipo. Após a morte de Marília Mendonça e outras quatro pessoas, no dia 5 de novembro, em Piedade de Caratinga, na região do Rio Doce, a segurança dos voos voltou a ser colocada à prova. Três dias depois, um helicóptero usado pela Rede Globo fez um pouso forçado no bairro Teixeira Dias, no Barreiro. Ambos os casos são investigados pelo Cenipa.
A base de dados do órgão ligado à Aeronáutica mostra ainda que 37% dos incidentes do tipo que ocorreram em Minas envolveram aeronaves particulares. No total, 85 pessoas perderam a vida, incluindo Marília e sua equipe. A cantora viajava em um táxi-aéreo – acidentes com esse tipo de transporte representam 5% do total.
Análise

Apesar de todos os especialistas concordarem que o transporte aéreo é o mais seguro do mundo e os protocolos da Agência Nacional de Aviação (Anac) serem rígidos, há quem burle as regras, especialmente na aviação particular. “Sempre há uma laranja podre, em todos os setores”, diz o presidente da associação Voa Prates, que reúne donos de escolas de voo e instrutores que atuam no aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de BH, Estevan Velasquez.

Por isso, os relatórios do Cenipa indicam acidentes provocados por problemas com manutenção, maus hábitos de pilotos e até falta de treinamento. “Isso só vai se resolver quando a Anac tiver um corpo de fiscais mais robusto, que esteja presente em todos os Estados”, alerta o coordenador do curso de engenharia aeronáutica da Universidade Fumec, Rogério Botelho Parra.
No entanto, Velasquez reafirma que a fiscalização é muito rigorosa. “A regulamentação é tão pesada que se um cara é pego infringindo alguma norma, ele nunca mais voará. Hoje a Anac consegue fiscalizar até de longe”, ressaltou.
Em nota, a Anac disse que mantém fiscalizações periódicas em todas as empresas do setor e que atua em diferentes frentes, incluindo a apuração de denúncias enviadas à agência.
Fonte: O Tempo