O calor enfrentado pelos mineiros nos últimos dias é sinônimo de incômodo e pode pôr a saúde em risco. Dificuldades para dormir e suor excessivo são reclamações comuns da população. E a previsão de manutenção das temperaturas próximas aos 40°C até sexta-feira fez com que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitisse alerta para possibilidade até de hipertermia nos próximos dias, condição que causa mortes, sobretudo nos países de clima temperado (Europa, por exemplo) durante as ondas de calor muito acima da média esperada para o período.
O fenômeno inverso à hipotermia ocorre quando a temperatura central do nosso corpo ultrapassa os 40°C, como explica o fisiologista Eduardo Pimenta, professor do Departamento de Esportes da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EEFFTO – UFMG).
“A população que mais sofre são crianças e idosos. Os de mais idade, por um processo de envelhecimento das glândulas sudoríparas. Uma ineficiência do idoso de trocar calor com o ambiente. Com as crianças já é o contrário: é um processo de imaturidade desse mecanismo de termorregulação”, explica Pimenta.
De acordo com ele, a população precisa ficar atenta a alguns sinais de desidratação e hipertermia. Se a solução dos problemas passa muitas vezes pela ingestão de água e a não exposição duradoura ao sol, a monitoramento da urina é fundamental. “A cor da primeira urina é importante. Na internet, qualquer pessoa pode encontrar tabelas que informam o nível de hidratação representado pelo tom da urina”, diz o especialista.
Em relação à atividade física, o fisiologista alerta para que as pessoas evitem os horários de maior exposição solar. De acordo com ele, até mesmo em decorrência da pandemia da COVID-19, o interessante é não praticar exercícios em dias muito quentes.
Caso o praticante queira fazer algum tipo de atividade, Eduardo Pimenta dá algumas dicas. “Realizar uma hidratação prévia ajustada é fundamental. É preciso consumir de três a quatro litros de água durante o dia. Não é tomar três litros em uma hora. Essa ingestão tem que ser ajustada”. Outro cuidado é optar por alimentos leves.
Para quem tem um parente idoso que viva sozinho, o fisiologista indica o monitoramento frequente. Sinais como dor de cabeça e alterações na pressão arterial são preocupantes quanto à hipertermia. “Esse fenômeno é muito mais impactante em países com clima mais frio. Na Europa, é muito comum, quando aparecem essas ondas de calor fora de temporada, óbitos de crianças e, principalmente, de idosos. Por isso, é muito importante os parentes próximos fiscalizarem a hidratação dos idosos”, explica.