No último ano, boa parte da força de trabalho foi empurrada às pressas para o home office. Trabalhadores perderam a ida diária aos escritórios físicos e ganharam muitas videoconferências em troca. Com a divisão da rotina entre trabalho e vida doméstica no mesmo ambiente – a própria residência -, a saúde mental apitou mais alto. Segundo a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise Covid-19, feita pela Fundação Instituto de Administração (FIA), cerca de 46% das empresas brasileiras adotaram o home office durante a pandemia.
Felipe Dias, psicólogo e diretor da Neos Desenvolvimento, afirma que o trabalho híbrido é uma tendência para os próximos anos. “Esse modelo de trabalho já vinha acontecendo antes e a pandemia acelerou esse processo. Mesmo grandes empresas estão fechando seus escritórios físicos e levando o trabalho para o home office ou trabalho híbrido. A volta do trabalho presencial não vai acontecer da forma como era antes”, afirma.
O trabalho híbrido é caracterizado pelo fato de as empresas darem autonomia para os seus profissionais escolherem como, onde e quando realizam suas atividades da melhor maneira possível. Por meio desse modelo de trabalho, os funcionários podem escolher entre realizar suas atividades no home office, na sede da empresa ou em escritórios flexíveis — os coworkings. “Pelo lado positivo, esse tipo de trabalho reduz o custo das empresas, permite às pessoas terem uma parte de seus trabalhos em casa e organizar a rotina da maneira que preferirem e também há a possibilidade de maior integração entre empresas diferentes. Em relação aos pontos negativos, pode-se pensar na dificuldade de gerenciar a cultura da empresa e a gestão de desempenho.”
Depois de um ano quase inteiro de home office, o psicólogo afirma que será necessário repensar nos cuidados com os colaboradores em relação à saúde mental. “Assim como o trabalho híbrido, a preocupação com a saúde mental não surgiu na pandemia, ela já vinha sendo debatida há alguns anos. E quando os trabalhadores passam a ir pro home office, isso se agrava, porque há uma dificuldade maior de gestão. Além de monitorar, as empresas precisam ter uma política de incentivo à melhoria da saúde mental.”
Em relação às tendências para os próximos anos, o diretor da Neos Desenvolvimento afirma que as empresas precisarão focar no apoio ao desempenho de seus colaboradores. Ele afirmou ainda, que o trabalho com o uso de ferramentas tecnológicas vai se acelerar. “Em todas as áreas é preciso entender de ferramentas tecnológicas e o trabalhador precisa buscar esse tipo de formação. Cada vez mais, é preciso de pessoas que pensem no dia a dia do trabalho e não só executem tarefas rotineiras. Para os que estão no mercado de trabalho, o grande conselho é investir em qualificação, especialmente tecnológicas”, concluiu.