Saúde mental: excesso de videoconferências pode ser prejudicial

O mundo do trabalho mudou no último ano. Do trabalho e dos estudos também. Frente a pandemia do novo coronavírus e do isolamento imposto para conter a disseminação do vírus, houve um aumento do uso das plataformas online de videoconferência como forma de manter o contato social, trabalhar e estudar. Mas será que o excesso de encontros virtuais pode ter promovido esgotamento emocional?

No primeiro mês do ano é celebrado o Janeiro Branco, período que busca chamar a atenção para o tema da saúde mental na vida das pessoas. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), no período de 14 de agosto a 21 de novembro de 2020, houve uma elevação das queixas de pacientes sobre o excesso de trabalho por videoconferências. O levantamento foi feito junto aos psiquiatras associados da ABP que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS), no sistema privado e suplementar, e mostrou também que 63,3% deles perceberam um aumento de prescrição de psicotrópicos (remédios controlados) para tratar pessoas que tinham a queixa de excesso de trabalho por videoconferência.

O psiquiatra Felipe Fortes, conta que o trabalho no estilo home office e videoconferências já existia, mas em um nível menor. Ele afirma que o brasileiro precisou se adaptar a esse novo contexto frente à pandemia mundial. “Nós médicos observamos sim um aumento de queixas de ansiedade e depressão neste período de pandemia. Gostaria de salientar que esse tipo de exaustão e esgotamento devem ser tratados como transtornos. Importante destacar que alterações como problemas em relação ao sono também surgiram em diversos pacientes”, alerta.

O impacto positivo do home office é incontestável: mais praticidade. Porém, em relação aos impactos negativos, Felipe conta que foi colocado à prova quem domina as técnicas digitais e quem não. “Quem não tem domínio em relação às tecnologias começou a apresentar grande angústia. Gostaria de dar destaque também a um grupo específico, que são os estudantes, principalmente universitários que necessitavam de matérias práticas e tiveram suas aulas suspensas e as crianças do ensino fundamental, que não têm o domínio tão grande de internet”.

Para descansar e desligar a cabeça do mundo online, o psiquiatra contou que a principal recomendação é ter uma boa noite de sono, de cerca de oito horas. “Outra recomendação importante é desativar as atividades virtuais em horários determinados. Na medida do possível medite, relaxe e faça atividades físicas regularmente. Cuide da sua saúde mental. Se sentir necessidade e perceber alteração em seus níveis mentais e comportamentais, procure ajuda”, concluiu.