No dia 11 de dezembro os números de casos confirmados chegaram a 6.173 em Minas Gerais. Os dados do painel Coronavírus, da Secretaria de Estado de Saúde, demonstram que os números retornaram ao patamar de junho, quando houve o recorde de 6.095 novas infecções em um dia.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, destaca dois motivos que resultaram no aumento no número de casos: flexibilizações, com maior circulação, e relaxamento com as medidas básicas por parte das pessoas. Ele reforça que, mesmo com a flexibilização, se as pessoas cumprissem as medidas de prevenção haveria mais controle do contágio. No entanto, as pessoas não as cumprem.
“Começamos a ver as pessoas sem máscaras, sem higienizar as mãos, fazendo festas, eventos clandestinos, com aglomerações. A pandemia gerou cansaço. A redução nos números deu a falsa impressão de que a pandemia havia acabado e as pessoas resolveram arriscar. Juntou as duas coisas: aumento da circulação e baixa na guarda das restrições de prevenção.” O especialista é taxativo ao dizer que não tem outra forma que não distanciar as pessoas. “Ainda não temos a vacina e não temos um tratamento”, reafirma.
Agravamento dos casos
Os números seguem tendência de alta. Nas últimas 24 horas, Minas registrou 5.008 casos positivos de novo coronavírus e 80 mortes causadas pela COVID-19, conforme o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) às 10h desse sábado (12). De acordo com o relatório, o estado soma 464.545 casos confirmados. Desde o início da pandemia, 10.645 vidas foram perdidas para a doença.
No estado, a média de ocupação dos leitos de UTI é de 66,51%. A situação mais preocupante é na Região Leste, onde chegou a 83,7%, seguida pela Leste do Sul (75,83%), Centro-Sul (71,97%) e Centro (67,26%). Na semana de 29 de novembro a 5 de dezembro, o isolamento em Minas estava menor do que a média no Brasil: 37,15%, enquanto no país estava em 38,04%. Na semana de 28 de junho a 4 de julho, o isolamento em Minas era de 40,66%, e no Brasil, de 40,97%.
Banalização da doença
O professor da Faculdade de Medicina da UFMG Unaí Tupinambás afirma que o estado chegou ao nível do pico da primeira fase da primeira onda. “A pergunta que se faz: continuaremos a subir?. Com esse cenário, é mais adverso do que tínhamos em junho e julho. A população está cansada, banalizou a doença, festas de fim de ano, férias de janeiro”. O infectologista teme um início de ano muito difícil. “Vamos encontrar as trabalhadoras da saúde também exaustas, muitas de férias e com pressão de outras condições de saúde”, diz.
O infectologista Carlos Starling, que compõe com Unaí Tupinambás e Estevão Urbano o comitê científico da PBH, avalia que o cenário no estado deve piorar. Ele leva em conta para fazer a afirmação a queda no isolamento social em decorrência das festas e encontros de fim de ano.
Ele faz também uma crítica “a liminares de juízes liberando aglomerações”. “O cenário não é bom”, diz. Na avaliação do especialista, os governos do estado e municipais precisam adotar medidas para frear o aumento de casos. “Adotar medidas mais rígidas de restrição, a exemplo de outros países, incentivar o distanciamento e o isolamento social, o uso de máscaras, etc. E, acima de tudo, parar de bater cabeça com o processo de liberação de vacinas”, argumenta.
Fonte: Estado de Minas